quinta-feira, 13 de abril de 2017

☆MORRO SOZINHA FAMINTO PÓ ☆



FAMINTO PÓ

Eu sei que morro sozinha
Mas morro nua sem pena
De mim dos pós que me 
Cobrem o corpo em mim
Nua faminta a terra espera
Enquanto corrói, rói o negro
Véu já cerzido intacto, frio
Ungirás de óleo o meu corpo 
Lavarás os meus lábios puros
Soprarás a poeira dos meus pés
Nada é medo, basta o silêncio 
O despertar arrefece, vira agonia
Jogo escuro, grito de desespero
É a morte talvez o engasgo da vida
Eu já sei que morro sozinha, mas
Morro coberta de pós de alecrim.

Isabel Morais Ribeiro Fonseca

Aldeia Salselas-Trás-os-Montes

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